ATA DA
CENTÉSIMA DÉCIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA
DA NONA LEGISLATURA, EM 06.10.1987.
Aos seis dias
do mês de outubro do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala
de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Centésima Décima Sexta Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária
da Nona Legislatura. Às quatorze horas e dez minutos, constatada a existência
de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que
fossem distribuídos em avulsos cópias da Ata da Centésima Décima Quinta Sessão
Ordinária que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Brochado da
Rocha, 01 Projeto de Resolução nº 38/87 (proc. nº 2188/87), que concede o título
honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Luiz Carlos Vergara Marques; pelo Ver.
Hermes Dutra, 02 Pedidos de Providências, solicitando que seja intensificada a
fiscalização nos táxis-lotação da Cidade, que sejam recuperados os locais e
equipamentos públicos pichados; pelo Ver. Isaac Ainhorn, 02 Pedidos de
Providências, solicitando que seja instalado um protetor de ferro “guard-rail”
nos fundos do Instituto de Educação General Flores da Cunha, em frente à praça
de brinquedos, na Rua Paulo Gama e que sejam instalados, junto à Avenida
Setembrina, Largo Professor Francisco Brochado da Rocha, um sonorizador e
quebra-molas; pelo Ver. Nilton Comin, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 99/87
(proc. nº 2198/87), que declara de utilidade pública a Associação dos Técnicos Agrícolas
do Estado do Rio Grande do Sul; 01 Projeto de Resolução nº 37/87 (proc. nº
2170/87), que concede o título honorífico de Cidadã Emérita à Advogada Mercedes
de Moraes Rodrigues. DO EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 01/87, do Presidente
da Comissão Especial constituída para examinar o Projeto de Lei Complementar do
Legislativo nº 06/87; 287/87, da Câmara de Vereadores de Getúlio Vargas, RS;
cartas do Sr. Dep. Tufy Salomão, RS; do Sr. Paulo Cesar Sampaio de Oliveira,
Presidente do Jockey Club do Rio Grande do Sul. A seguir, o Sr. Secretário
apregoou o Processo nº 2281/87, do Prefeito Municipal, que solicita autorização
para afastar-se do Município no período de dez a dezoito do corrente, a fim de
participar do Congresso da Internacional Socialista, em Dakar, Senegal. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Jorge Goularte comentou notícia publicada na
imprensa, de que teria proposto a criação de um “cachorródromo” na Cidade,
lendo discurso pronunciado pelo Ver. Frederico Barbosa, no dia vinte e nove de
setembro do corrente ano, acerca do grande número de cachorros observados nos
parques da Cidade e esclarecendo que a idéia da construção de um
“cachorródromo” não partiu de nenhum Vereador desta Casa. Lamentou a forma como
o assunto foi tratado pela imprensa, o que acarretou uma imagem negativa e
falsa desta Casa junto à população. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Cleom Guatimozim
falou sobre declarações declarações do Secretário da Indústria e Comércio do
Estado, de que já teriam sido dispensados seis mil e quinhentos servidores
estaduais. Criticou essas dispensas, dizendo que elas resultam em um grave
problema social e destacando estarem os funcionários públicos sendo usados como
desculpas para os problemas econômicos enfrentados pelo Rio Grande do Sul. O
Ver. Raul Casa discorreu acerca da política adotada pelo Executivo Municipal no
que concerne à retirada dos camelôs e vendedores ambulantes do Centro da
Cidade. Comentou carta recebida da Livraria do Globo, na qual aquela Empresa
dizia estranhar a colocação de uma banca da Enciclopédia Britânica do Brasil,
na esquina da Av. Borges de Medeiros com a Rua da Praia, dizendo já ter
procurado as explicações sobre o assunto junto ao Executivo Municipal, o que
acabou ocasionando a retirada dessa banca. Analisou os esclarecimentos do Secretário
do Governo Municipal para o fato da banca ter sido novamente colocada no local,
segundo os quais ela teria objetivos culturais e não econômicos, discordando
dos mesmos. Ainda em COMUNICAÇÕES DE LÍDER, o Ver. Flávio Coulon disse ter dado
entrada na Justiça, ontem, juntamente com mais seis Vereadores da Casa, de
mandado de segurança contra a interferência do Governo Federal na autonomia do
Município, comentando resposta do Juiz, Dr. Rui Kessinger, que concedeu ao
Executivo Municipal um prazo de vinte e quatro horas para que apresente os
motivos pelos quais abriu mão da autonomia municipal, concedendo o aumento
sistemático das tarifas do transporte coletivo. Na oportunidade, o Sr.
Presidente acolheu Questão de Ordem do Ver. Antônio Hohlfeld, quando S.Exª.
pedia que fosse esclarecido ao Plenário que tinham sido retirados os dois
requerimentos pedindo homenagem pela passagem da morte de Ernesto Che Guevara,
de sua autoria e de autoria do Ver. Kenny Braga, tendo sido encaminhado novo
requerimento assinado pelos dois Senhores Vereadores requerendo a mesma
homenagem, porém em nova data. Ainda em COMUNICAÇÕES, o Ver. Werner Becker
falou sobre mandado de segurança impetrado por sete Vereadores da Casa contra o
aumento das tarifas do transporte coletivo em Porto Alegre, comentando
solicitação feita pelo Juiz da Segunda Vara da Fazenda, ao Prefeito Municipal,
de informações a respeito desse aumento. Requereu do Ver. Isaac Ainhorn, o
Parecer que defende a competência do Legislativo Municipal para aumentos nas tarifas
do transporte coletivo. E o Ver. Isaac Ainhorn reportou-se aos pronunciamentos,
de hoje, dos Vereadores Flávio Coulon e Werner Becker, acerca de mandado
impetrado por Vereadores da Casa contra o aumento concedido pelo Prefeito
Municipal às tarifas do transporte coletivo em Porto Alegre, comentando os
constantes aumentos das tarifas do transporte coletivo metropolitano concedidos
pelo Governo Estadual. Falou sobre a greve empreendida pelos funcionários da
Caixa Econômica Estadual, analisando o assunto e criticando as ameaças de
punições e demissões que esses funcionários vêm recebendo. Durante a Sessão, o
Sr. Presidente informou que o Ver. Flávio Coulon comunicou sua desistência da
Licença para Tratamento de Interesses Particulares requerida na Sessão de ontem.
Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às quinze
horas e quatorze minutos, convocando os Senhores Vereadores para as reuniões
das Comissões Permanentes e convidando-os para a Sessão Solene, a seguir, em
homenagem aos cento e cinco aniversário da Gazeta de Alegrete. Os trabalhos
foram presididos pelo Ver. Brochado da Rocha e secretariados pelo Ver.
Frederico Barbosa. Do que eu, Frederico Barbosa, 2º Secretário, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr.
Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa apregoa Ofício do
Sr. Prefeito Municipal solicitando afastar-se do Município.
Solicito ao Sr. Secretário que proceda à leitura do Ofício.
O SR. SECRETÁRIO: (Lê.)
“Of. nº 565/GP Paço dos Açorianos,
06/10/1987.
Sr. Presidente:
Dirijo-me a V.Exa., solicitando a devida autorização desse Egrégio
Legislativo, conforme disposto no art. 61 da LOM, para afastar-me desta
Capital, sem ônus para o Município, a fim de participar, a convite do Dr. Willy
Brandt, do Congresso da Internacional Socialista, a realizar-se em Dakar, no
Senegal, no período de 09 a 18 do corrente.
Certo da atenção de V.Exa., envio-lhe meus cordiais cumprimentos.
(a) Alceu Collares,
Prefeito.”
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Jorge
Goularte em Comunicação de Líder.
O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Lamentavelmente permanece a tenaz luta de desmoralização dos
Vereadores desta Casa. Hoje, no jornal, passou para o Jorge Goularte tendo
proposto o cachorródromo. Ficaram vários dias dizendo que era o Frederico
Barbosa e agora passou para este Vereador.
Vou ler o discurso do Ver. Frederico Barbosa para ver se alguém propôs
alguma coisa nesse sentido. (Lendo.) “Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Prezada
Sra. Julieta Batistioli, primeira Vereadora de nossa Cidade, portanto é com
orgulho e satisfação que recebemos a senhora nesta Casa, como bem disse a Sra.
Presidente dos trabalhos, provavelmente Porto Alegre continua tendo os mesmos
problemas que a senhora já há algum tempo atrás encontrou e que tantos outros
Vereadores e a população encontram por aí. Hoje, pela manhã, e pode parecer um
assunto meramente banal e que já foi motivo da presença deste Vereador em
jornais, dizendo que desejava criar em Porto Alegre, nada mais, nada menos que
uma cachorrovia...” - Palavras do Ver. Frederico Barbosa - “...uma criança no Parque Moinhos de Vento,
pouco mais de 9h15min, após eu deixar meu filho de 4 anos de idade, foi mordida
violentamente por um cão que, acompanhado por seu dono estava se deliciando com
nosso querido Parcão. Evidentemente, que todos nós afirmamos e juramos que
nosso cão é o mais manso que existe, mas todos nós fazemos absoluta questão de
ensinar nosso manso cão para que se alguém chegar perto de nós ou colocar a mão
na nossa porta ele deve latir e agredir, se for o caso. Duvido que seja o
contrário porque se assim o fosse, o louco seríamos nós de termos o animal para
nos deliciarmos e não para nos proteger...”)
Aí segue e diz o Vereador: “Insistem, estes senhores, com os seus belos
cães, em passear com a coleira na mão. Este é o crime, Srs. Vereadores, com a
coleira na mão. É sinal que saíram de casa sabendo que tinham que colocar a
coleira no cão. E brincam com a coleira enquanto os cachorros brigam com as
pessoas, ou com os filhos dos outros. Nada fazem para que nós possamos, pelo
menos, desfrutar um pouco de lazer, um pouco seguros e não acuados pelos cães
dos outros. Que estejam onde quiserem, mas não ao lado das nossas crianças”.
Ver. Nilton Comin está rindo... Eu espero, Vereador, que, se alguma criança for
mordida, nesta Cidade, de maneira grave, V. Exa. também brinque de maneira
jocosa com esta situação. Tudo bem. É que já estou cheio de tanto mau caráter
na Cidade, Vereador.
Pedi um aparte e disse assim - “V.Exa. permite um aparte?” - Permitiu.
– “Nobre Vereador, eu dou os cumprimentos a V.Exa. pelo assunto que é de alta
relevância e até eu queria ser chamado também, assim como V.Exa. foi, de querer
um cachorródromo”, alguma coisa neste sentido, porque convenhamos o que se faz
nesta Cidade! Isto sem falar na própria imundície que o animal faz e repito,
que o animal faz, estas pessoas são tão insensíveis que querem que todas as
pessoas gostem do animal de que eles gostam.”
Agora, pergunto: quem, dos dois Vereadores propôs alguma coisa neste
sentido? Nenhum. Agora, a população foi informada que sim. A população, mais
uma vez, foi mal-informada nesta Cidade, que sim, porque, infelizmente, vai
ficar assim, porque foi assim que a população foi mal-informada. Foi assim que
ela recebeu a informação dada como verdadeira, e ficam 2 Vereadores sendo
jogados, de maneira jocosa, às brincadeiras, inclusive, dentro do Plenário.
É por tudo isto que eu já tenho vergonha de ser honesto, como dizia Rui
Barbosa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período de
Com a palavra, a Vera. Teresinha Irigaray, que cede o seu tempo ao Ver.
Cleom Guatimozim.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. O Secretário da Indústria e Comércio do Estado, numa palestra aos
empresários, se gabou de que o Estado já dispensou 6.500 funcionários públicos.
Segundo o Secretário esse seria um excesso e o Estado reconhecia na atitude de
dispensa uma forma de equilibrar parte de suas finanças, já que são mais de 8
milhões mensais. A Constituição Federal de todas as épocas após a proclamação
da República apregoa ultimamente, no seu capítulo social, que não pode e não
deve o poder público, o Estado federal, o Estado federado e os Municípios
criarem um problema social marginalizado o homem. No atual Governo, o do Sr.
Governador Pedro Simon nós verificamos que o maior faturamento da história dos
governos após a República é feito em cima do funcionário público que foi posto
em choque, em exposição pública, contra a sociedade e apresentado até mesmo
aquele que não é marajá como marajá. Os governantes se sentiram na obrigação de
prestar um esclarecimento público jogando o funcionário contra a população. E
veja, por exemplo, que há bem poucos dias, um dos jornais da cidade trazia a
foto do Secretário da Fazenda, corpo inteiro, mostrando uma lista de computador
e dizendo que aqueles que estavam inseridos ali seriam dispensados. Era
esquecer, Srs. Vereadores, que o Estado não pode, em hipótese alguma, criar o
problema social e marginalizar o cidadão. Ao contrário, deve ampará-lo, prestar
assistência a ele e a sua família. E já dizia o conselheiro Policarpo que “quem
não tem competência que não se estabeleça”. Bem, felizmente o Governador Pedro
Simon acabou de chorar. Felizmente ele parou de chorar, porque o que chorava -
vou dar um aparte para o líder do PMDB que vai concordar que 6.500 funcionários
dispensados é uma injustiça social.
O Sr. Flávio Coulon: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só para repor a verdade, Vereador, o Governador Pedro
Simon vai continuar chorando.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Mas eu acho que o
Governador ao invés de fazer o bebê chorão da Nova República, ou o bebê chorão
dos governadores dos estados...
(Apartes paralelos.)
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Afora esta interrupção,
volto dizendo que a dispensa de 6 mil funcionários é um horror. Felizmente o
Prefeito Alceu Collares não pôs em choque e em exposição pública, publicando
nos jornais da cidade e no diário oficial quanto ganham os funcionários. Fez
muito bem, Ver. Flávio Coulon, porque o cidadão que é funcionário público e se
alicerça dentro do serviço público da forma que ele fatura mais, de forma
legal, acho que não pode ser posto em choque e em exposição pública, porque tem
a sua família. Eu conheço um caso de cidadão apontado como marajá, ele ganha
muito bem, mas legalmente, mas seus filhos estão sendo vítimas de pesadas
brincadeiras na escola onde freqüentam. Sou contra quando expõem o ser humano
de forma negativa na imprensa a não ser que os salários auferidos mensalmente
sejam ilegais. Se o cidadão enganou alguém, se agiu de forma ilegal, se enganou
para chegar a este vencimento, aí é criminoso.
Então é incrível os sinais dos tempos em que o Secretário de Estado diz
nós dispensamos 6 mil e 500 funcionários, mas devia ter no Código Penal
Brasileiro um dispositivo que um crime como este fosse punido com prisão, com
prisão inafiançável, porque levar à miséria 6 mil e 500 funcionários e suas
famílias devia haver uma punição gravíssima no Código Penal Brasileiro.
Então, Srs. Vereadores, os politiqueiros de hoje, alguns até, - talvez
não seja o caso -, sem competência, que atiram em cima dos funcionários
públicos todos os males deste País pensariam duas vezes antes de agir, porque
capitulado no Código Penal que levar o cidadão à miséria junto com a sua
família é crime, punível na área penal. Isto é que deveria ser feito, deveria
haver um dispositivo que regulasse isto.
O Sr. Flávio Coulon: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu quero subscrever este seu código penal, desde que
conste do seu código penal um artigo que diga que o administrador que com o
dinheiro público contratar 6.500 pessoas que o Estado não precisa contratar,
também vá para a cadeia. Porque V.Exa. sabe que este discurso é muito bonito
quando não se tem lá centenas e milhares de funcionários, sem nada para fazer,
para sustentar. Agora, acha V.Exa. bastante justo que antes de deixar o governo
o Prefeito Alceu Collares contrate meia cidade de Porto Alegre e o Prefeito
seguinte tenha que manter esta máquina administrativa, sob pena de cometer um
crime?
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Eu concordo com V.Exa., com
o dispositivo apregoado desde que não tenha efeito retroativo, daqui para a
frente, Vereador.
Vejam que o Ver. Flávio Coulon coloca, efetivamente, um problema
seríssimo, que é exatamente o lado contrário daquilo que eu estou falando, mas
que tem grande validade.
Vejam que o cidadão que é contratado, que entra no serviço público,
seja por concurso público, seja por apadrinhamento, ele é levado a uma
situação, a gozar daquele status, mesmo que perceba muito pouco, mensalmente. É
pouco, mas certo, o salário do funcionário público. É o pouco, mas que atrasa
um pouco o suficiente que o indivíduo pode agüentar. Mas o Governador Pedro
Simon foi um Governador eleito pelo voto direto, este voto quase sagrado de um
povo que estava massacrado durante anos e que inclusive não votava para
Governador. O Governador era escolhido.
Então o fato de ele ter sido eleito pelo voto direto da população já é
um fator positivo, de grande importância e já há uma responsabilidade muito
grande para que ele não venha a praticar atos que possam ocasionar problemas
sociais.
Mas eu, sinceramente, tenho grandes dificuldades em entender que se
possa dizer: “demitimos 6.500 funcionários, agora começou a ficar bom: vamos
demitir muito mais: tem mais gente das estatais nas listas”. Quer dizer, esses
6.500 podem ir a dez mil desempregados. O Sr. Prefeito Alceu Collares baixou um
decreto em que determina que não pode empregar durante 120 dias, não pode
contratar, salvo os cargos em comissão. Naturalmente que as finanças do poder
público se recuperam, se reencontram, se reorganizam, aumenta a captação de
recursos, deixa melhor a situação da burra e há uma revitalização. Acho que o
Sr. Governador deveria, também, a exemplo do nosso prefeito socialista, adotar
essas medidas, proibindo nomeações por 120 dias sem demitir ninguém e haveria
uma recuperação do erário estadual. Então, V.Exa. poderia administrar,
inclusive chamando os adeptos do seu partido, o que é perfeitamente normal e
certo, para lhe ajudar na administração. Ficamos contra o estado de miséria que
o Governo deixou 6.500 funcionários e suas famílias. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Raul
Casa.
O SR. RAUL CASA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, embora tenha-me esforçado muito para evitar de trazer assuntos
constrangedores com relação à administração municipal, não posso me furtar de
trazer a essa tribuna um assunto que, em nosso entendimento, está a merecer de
parte do Executivo claras e objetivas explicações.
Todos temos acompanhado a política do Sr. Prefeito com relação ao remanejamento
do centro, com a retirada de camelôs e ambulantes, principalmente dos
deficientes que tiveram de enfrentar a situação de ir para a frente da
Prefeitura com bombos, sanfonas, pandeiros, enfim, mas se chegou a um bom
termo.
No dia 12 de junho próximo passado, este Vereador recebeu da Direção da
Livraria do Globo, uma das glórias empresariais do Rio Grande do Sul, uma carta
educada, segundo a qual aquela empresa estranhava a colocação de uma banca da
Enciclopédia Britânica do Brasil, na esquina da Borges de Medeiros com a Rua
dos Andradas, e faz uma série de considerações, as mais óbvias, mas, também, as
mais constrangedoras.
Imediatamente entramos em contado com o Sr. Prefeito Municipal, que,
através do Secretário do Governo, tomou as devidas providências no sentido de
evitar que na Esquina Democrática uma empresa comercial expusesse seus produtos
à venda, sem comercializá-los, mas expondo no lugar mais cobiçado de Porto
Alegre.
Vejam, V.Exas., o que ocorreu. Recebemos depois, no dia 30 de junho, uma
correspondência da mesma Direção da Livraria do Globo agradecendo nosso empenho
junto aos órgãos públicos municipais, que tiraram aquele posto de exposição e
não venda, mas o cartãozinho ia junto, para o local onde deveria ser adquirido
o produto.
Pois bem, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, embora a explicação à
época, educada, respeitosa, do Secretário Valdir Fraga, pasmem os senhores, a
banca está de volta na Esquina Democrática, a alguns metros da Livraria do
Globo, a alguns metros de grandes empresas que, como dizem aqui, pagam seus
tributos e recebem uma concorrência desleal. Acabo de me comunicar com o
Secretário Nereu D’Ávila que me justificou a permanência desta banca - não é
banca, é uma casa - dizendo que era uma promoção cultural e que não tinha o
intuito de venda e que absolutamente coincidia com os propósitos de
comercialização. Eu sou amigo pessoal do Secretário Nereu D’Ávila, gosto de sua
atuação, mas quero fazer um apelo a ele, para que não deixe que isto ocorra
novamente.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) As atividades foram circunscritas ao meramente
político. Começam vendendo Enciclopédia Britânica, dizendo que é atividade
cultural e amanhã vão vender preservativo, dizendo que é uma atividade de higidez.
É que viria um balcão de negócios.
A Sra. Bernadete Vidal: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Não é só na Esquina Democrática que está ocorrendo
esse tipo de arranhão contra as regras, contra os critérios que foram usados
pela Prefeitura. Agora, o comerciante que paga imposto não sobre a rua, porque
comerciante não paga imposto sobre a rua, paga imposto do prédio, eles estão
usando as calçadas. A bandalheira está solta. Eu peço desculpa por dizer isto,
pois o pronunciamento de V.Exa. é sempre tão educado, mas eu sou um pouco menos
educada para dizer.
O Sr. Isaac Ainhorn: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu compreendo a preocupação de
V.Exa., sobretudo, quando se pretende humanizar o centro da cidade e livrar o
centro de toda aquela balburdia em que se transformou na época do governo da
ARENA e depois do PDS, que serviram, inclusive, a favores eleitorais. Mas
V.Exa. só tem que ter um pouco de cuidado para avaliar este assunto, porque,
daqui a pouco, e sei que V.Exa. não é contra o livro, nem contra campanhas de
promoção cultural. Quando a gente chega no Aeroporto Salgado Filho, estão lá
divulgando a Enciclopédia, eu quero dizer que eu não estou aqui defendendo este
tipo de atuação lá na Esquina Democrática. Agora, só chamo a atenção do nobre
Vereador para os cuidados que deve ter, sobretudo se considerarmos que esta
empresa, certamente, a menos que ela sonegue, mas para vender os livros aqui,
em primeiro lugar, ela está isenta de ICM por força constitucional. Certamente
deve estar pagando o Imposto de Renda sobre os lucros que a empresa tem. De
repente, V.Exa., talvez, queira tirar até a Feira do Livro.
O SR. RAUL CASA: Vereador, eu não ia me
aprofundar, mas já que V.Exa. baixou a bola, eu quero dizer que isto é uma
bandalheira. V.Exa. fique sabendo que é uma bandalheira! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Comunicação de Líder com o
PMDB, Ver. Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, quando o eminente juiz da Vara Federal, Dr. Paludo, prolatou seu
despacho na ação contra o aumento de Cz$ 1,00 na passagem de ônibus, procurado
pela imprensa declarei, e saiu no jornal, que considerava aquela decisão
juridicamente perfeita. E saudava a Justiça do meu Estado, como sempre saudei,
como uma das mais sérias e honestas, talvez a mais séria e honesta do nosso
País. E prometia, naquela oportunidade, que nós voltaríamos à carga, que não
deixaríamos esse assunto desses aumentos abusivos ficarem em silêncio. E, ontem
à tarde, entramos, juntamente com mais seis Vereadores, com um mandado de
segurança, novamente contra a interferência do Governo Federal, na autonomia do
Município. Não se trata de um mandado de segurança contra o Sr. Prefeito do
Partido “a” ou “b”, e sim trata-se da defesa da autonomia municipal, autonomia
essa que o atual Executivo estava e está abrindo mão. E não foi com surpresa,
pelo contrário, foi sem surpresa nenhuma que tivemos a notícia de que o Juiz,
Dr. Rui Gessinger, deu um prazo de 24 horas, para que o Sr. Prefeito Municipal
apresente as suas razões, por que está abrindo mão da autonomia municipal e
está concedendo esse aumento de Cz$ 1,00, sistematicamente, nas passagens, ao
arrepio de uma lei municipal, que determina que essas passagens só podem ser
aumentadas quando o custo operacional subir 25%. Existe no ar a sensação de
esperança de que a Justiça do Rio Grande do Sul irá repor as coisas nos seus
devidos lugares, e irá demonstrar que esta sanha da SMT, em favorecer sempre -
usando ora uma legislação, ora outra - o empresariado, está prestes a ser
devidamente contida. A cidade não suporta mais esta imagem de um governo que
busca todos os artifícios para aumentar o custo das passagens. Basta se andar
pela cidade, pelos terminais de ônibus, para se sentir a reação surda e raivosa
deste povo, que não entende como é que, com os seus salários absolutamente
congelados, a Prefeitura Municipal, sistematicamente, aumenta um cruzado por
mês as suas passagens.
(Aparte
anti-regimental.)
Nós estamos aqui em Porto Alegre, Vereador. Temos que explicar estes
aumentos que a SMT vem dando, sistematicamente, aos empresários. Tem que ouvir
o que está pensando a população de Porto Alegre sobre este governo, que ora usa
a legislação federal para aumentar, ora usa a legislação municipal, também para
aumentar. E amanhã, quando o juiz prolatar o seu despacho, nós veremos
finalmente quem estará com a razão. E virei aqui, caso o Dr. Rui decida que a
Prefeitura Municipal tinha competência para aumentar um cruzado, para dizer:
continuo confiando na Justiça do meu Estado e do meu País, porque, se ele assim
o fizer, terá as suas razões para fazê-lo. Sem pré-julgar, mas admito que há a
esperança de que as coisas serão postas nos seus devidos lugares pela Justiça
Federal do nosso País. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. ANTONIO HOHLFELDT
(Questão de Ordem): Não querendo criar nenhum problema ao pronunciamento do Ver. Werner
Becker, ao contrário, querendo apenas colaborar com a Mesa, gostaríamos de
solicitar a retirada do nosso Requerimento sobre a Sessão Especial, sobre
Guevara, que de comum acordo com o Ver. Kenny Braga, estamos entrando com outro
Requerimento, com uma segunda data alternativa, para facilitar as questões
burocráticas, solicito a retirada do Requerimento.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa recebeu o ofício,
deferiu, e delegou à Diretoria Legislativa a limpagem (sic) dos dois Projetos e
remeter ao Plenário, na quarta-feira, para ser votado o Requerimento que V.Exa.
anuncia. As providências estão sendo tomadas.
O Ver. Rafael Santos cede seu tempo ao Ver. Werner Becker em
Comunicações.
O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e funcionários da Casa. Em primeiro lugar, os meus agradecimentos ao
líder do PDS, Ver. Hermes Dutra, que cedeu o tempo destinado a sua bancada para
este Vereador, sem perguntar o assunto, e mais ainda, foi me chamar no meu
gabinete para avisar que o tempo iria começar, se constituindo num gesto de
fidalguia que demonstra que, nesta Casa, se pode ser adversário ferrenho, ter
posições ideológicas contrárias, como as minhas e a do Ver. Hermes Dutra, e nem
por isso podemos perder as relações de cortesia e cavalheirismo que honro ter
com o Ver. Hermes Dutra. Também, de outra parte, um agradecimento ao Ver.
Brochado da Rocha pelo acréscimo cultural que me forneceu com a palavra
“limpagem”, que, atento, guardei dentro do meu vocabulário. Mas, Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, o Juiz da Segunda Vara da Fazenda, Sr. Rui Armando
Gessinger, um mandado de segurança impetrado por vários Vereadores - gostaria
de proferir os nomes: Vereadores Antonio Hohlfeldt, Caio Lustosa, Jussara Cony,
Nilton Comin, Lauro Hagemann e por mim -, determinou que o Prefeito Alceu
Collares, em 24 horas, informasse a respeito das alegações contidas no Mandato
de Segurança para examinar a concessão da Liminar.
O Sr. Cleom Guatimozim: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) No meu entendimento, V.Exa., o Ver. Antonio
Hohlfeldt, a Vera. Jussara Cony têm legitimidade para impetrar esse Mandado.
Agora, os Vereadores do PMDB, não entendo, porque eles aumentaram as passagens
da Grande Porto Alegre, através do Governo do Estado. Por isso perguntaria a
V.Exa. se também o Mandado de Segurança inclui a Grande Porto Alegre ou só
Porto Alegre.
O SR. WERNER BECKER: Não me meto em briga de
PMDB com PDT porque na hora de retirar a população pobre os dois mandam chamar
a Brigada e surram juntos. Não me meto nessa. Diz bem o Ver. Aranha Filho:
brigam por picuinhas e são solidários no cacete.
(Apartes
paralelos.)
No Rio por enquanto não está espancando ninguém e não subiu a passagem
lá. O Ver. Isaac Ainhorn, com sua lealdade extremada ao Sr. Prefeito, muitas
vezes acima da que ele pretende, chega a apresentar Emendas, inclusive que
foram vetadas pelo Prefeito, mas é um desejo de lealdade que ele quer cumprir.
(Apartes
paralelos.)
O Sr. Ver. Isaac Ainhorn se acha dono de todo o trabalhismo no Rio
Grande do Sul e a estas alturas já se acha dono do tempo que se usa na tribuna.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Prefeito Alceu Collares tem 24
horas para defender os empresários, para explicar por que aumentou a passagem,
por que que uma hora ele usa a Legislação Federal e outra a Legislação
Municipal? E, por falar nisto, o Ver. Isaac Ainhorn, que acompanha tanto os trabalhos
desta Casa, e se manifesta a toda hora, está me devendo uma manifestação. Faz
uma semana que ele me prometeu me entregar o Parecer do Procurador que defendia
a competência da Legislação Federal, depois de outro Parecer anterior, em que
defendeu a competência da Legislação Municipal para aumentar. Mas eu estou
desconfiado de que este último Parecer nem existe ou talvez a “Zero Hora” tenha
se enganado, porque eu estou pedindo este Parecer ao Ver. Isaac Ainhorn. Fiz um
Pedido de Informações e parece-me o Parecer “Conceição, ninguém sabe, ninguém
viu”. Mas parece que ele vai ter que dar este Parecer para o Juiz da Vara dos
Feitos da Fazenda, até amanhã, ou então, quem sabe, que o Prefeito reflita que
foi eleito pelo povo e não pelos empresários e, portanto, deixe à consideração
da Justiça esse aumento. Quem sabe se calando ou quem sabe se, voltando atrás
um gesto de autocrítica, porque, inclusive, os correligionários não são a favor
deste aumento. Duvido, inclusive, que submetido às zonais do PDT, elas dêem
solidariedade a esse aumento. O Ver. Isaac Ainhorn informa que a zonal, a
segunda, é a favor dos aumentos - deve ser ali que moram os empresários.
Não tem nenhum filiado ao PSB. Mas alguns têm ficha no PDT.
(Aparte
anti-regimental.)
Eu, como advogado, tenho que pedir certidões - acho que é dever de
ofício, certidões fazem parte do meu ofício de advogado.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, talvez seja sensibilizado o
Judiciário e nós estejamos a vinte e quatro horas com uma boa notícia para o
povo, desse povo que há muito tempo não recebe uma boa notícia. É pouco, é um
cruzado, mas já é alguma coisa e demonstra que alguns Vereadores estão aqui
atentos. Tenho certeza que o Ver. Carús se soubesse do Mandado de Segurança,
acho que subscreveria e, então, eu pesquisei para incorporar também o Ver.
Carús, que pode voltar à Assembléia, se o seu tempo aqui for curto e seja
grande e dizer: “Olha alguma coisa dá para fazer pelo povo de Porto Alegre lá
na Câmara”. É só querer.
Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, faço a comunicação à Casa e
digo que o povo de Porto Alegre tem esperança que Judiciário se sensibilize e
conceda imediatamente a revogação deste aumento baseado num parecer que já
chamei de “conceição”. Parecer este que ninguém sabe, ninguém viu. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, a palavra com o
Ver. Isaac Ainhorn, por cessão de tempo do Ver. Pedro Ruas. V.Exa. tem 10
minutos, Vereador.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. O Ver. Werner Becker quer me vincular a uma obrigação que eu não
tenho. Uma obrigação de trazer um parecer que a mim não compete. Como amigo e
admirador do seu trabalho, evidentemente, se eu pudesse o traria, mas não é da
minha competência, se conseguisse até com muito prazer, agora, não prometo,
aliás, sou um político que não faz promessas.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, mais uma vez, se tenta estabelecer ou
se usar inclusive e vou dizer de forma legítima, porque se há uma irresignação
com relação a uma decisão do Poder Público, realmente, a instância competente,
a instância cabível, é realmente o Poder Judiciário. Mas eu não quero prejulgar
e evidentemente no caminho até agora percorrido por S.Exa. o Juiz da Vara da
Fazenda Pública, o Juiz Rui Armando Gessinger, andou bem, sequer ele concedeu a
liminar, ele pediu e deu um prazo para decidir e solicitou informações a S.Exa.
o Sr. Prefeito Municipal. Andou bem. Nos submeteremos, evidentemente, à decisão
do Judiciário rio-grandense, qualquer que ela seja. Agora, até pode baixar, até
pode determinar e oxalá fizesse isso para restaurar, só gostaria que o PMDB
tivesse o mesmo comportamento em relação à METROPLAN e ao DAER, porquanto se
fizermos um paralelo dos últimos índices de aumento, nós veremos que os índices
de aumento da Região Metropolitana é consideravelmente maior do que os havidos
na Capital. E o Ver. André Forster, que hoje se encontra à testa da METROPLAN,
e por quem particularmente nós temos uma grande estima pessoal e que aqui tinha
uma posição muito firme em relação à tarifa, lá ele está caneteando aumento. É,
está caneteando aumento. Como a Secretaria que de vez em quando tem a honra de
ter aqui, o Ver. Carús, onde ele é o Chefe de Gabinete do Sr. Secretário
Estadual de Transportes à qual o DAER se encontra vinculado, libera também os
aumentos. E estranho que nenhum dos Vereadores do PMDB aqui subscreva qualquer
Mandado de Segurança para coibir os aumentos autorizados e permitidos pelo
Governo Federal que é o grande responsável por esta situação toda. O grande problema
em relação à tarifa do transporte coletivo é o salário que as pessoas ganham. É
o Dr. Wilson Vargas que, agora, em relação à greve dos funcionários da Caixa
Econômica Estadual, prende e arrebenta. Aliás, este tipo de comportamento o
País há pouco tempo atrás tinha conhecimento; tinha uma figura que agia também
desta forma. E surpreendentemente o Sr. Wilson Vargas da Silveira à testa desta
empresa que está dando tanto lucro, que está operando numa linha de lucro, não
quer dividir esse bolo todo com os funcionários da Caixa Econômica Estadual.
Primeiro ele tentou dizer que essa associação não representava os funcionários.
Esta aí: a greve é um sucesso absoluto. E continua dando explicações que não
têm sentido. Os outrora bem aquinhoados funcionários, hoje têm os salários
extremamente defasados assim como acontece com os funcionários do Banco do
Brasil. Era um galardão ser funcionário da Caixa Estadual em função dos seus
salários, hoje não é mais, com exceção de alguma ½ dúzia de marajás que ocupam
cargos de mando em posições elevadas junto à Caixa Estadual. A grande massa dos
funcionários da Caixa Econômica Estadual está a pão e água.
O Sr. Cleom Guatimozim: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O ex-Presidente da Caixa Estadual, Dr. Lauro Guimarães,
armou um esquema e um dispositivo para que a Caixa chegasse a esta situação, o
compadre Wilson só aproveitou. Quando ele recebeu os dividendos, ele foi para a
televisão, ele até fotografa bem, gostei. Mas ele começou a aparecer como sendo
o artífice e daquele lucro fabuloso. Ora, os funcionários que ganham mal estão
pleiteando apenas uma reposição salarial. E o compadre Wilson endureceu a
parada a este ponto que V. Exa. está dizendo, nos causando uma grande surpresa.
O Sr. Werner Becker: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Os funcionários da Caixa Econômica Estadual podiam
solicitar o preço daquela enorme matéria paga de duas folhas onde faz o oba-oba
do Presidente da Caixa Econômica Estadual. Eu imagino que a Caixa Estadual não precise
de propaganda. E o Presidente da Caixa, se precisar, deve fazer do seu bolso.
Eu acho que sem aquela publicidade talvez desse para dar uma coisinha a mais
aos funcionários.
O Sr. Hermes Dutra: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O de apavorar nesta situação é que em 1º lugar, Ver.
Werner Becker, realmente a Caixa não precisa de propaganda, mas acho até
admissível que se faça propaganda. O que eu acho dispensável é o garoto
propaganda e, se necessário fosse, deveria buscar um garoto propaganda mesmo.
Em 2º lugar, eu confesso: sou homem que assumo os erros que o meu partido teve
quando no governo, agora, pelo amor de Deus, nunca se fez isso na Caixa
Estadual!
O SR. ISAAC AINHORN: Eu vou mais longe. Eu acho
que se, realmente, tivesse condições de fazer reposição salarial dos
funcionários da Caixa Estadual... A Caixa é gaúcha, foi criada pelo Dr. Brizola
e certamente o Dr. Wilson se sente partícipe dessa idéia, embora não fosse a
Secretaria dele, ele tem um estilo de gaúcho que deve honrá-lo muito, seria até
admissível que ele fosse o garoto propaganda e tal, mas primeiro fizesse a
reposição salarial, melhorasse a qualidade do serviço.
Agora, o negócio é o seguinte: não tem mais nem o financiamento
escolar. A Caixa fechou o financiamento. Era um financiamento subsidiado aos
estudantes das faculdades. Isto acabou. Estão aí para explicar isto. Deve haver
uma explicação.
O Sr. Eroni Carus: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Apenas para repor algumas verdades. A primeira vez que
cheguei a esta Casa foi coincidente com a greve do Magistério Público
Estadual...
O SR. ISAAC AINHORN: E tivemos a oportunidade,
Vereador, de, rapidamente, dar uma solução a ela, enquanto o governo de V.Exa.
ficou 90 dias para dar uma solução.
O Sr. Eroni Carus: Oportunidade em que trouxe
ao Plenário a cópia de um ofício em que o Prefeito Alceu Collares requisitava
força para reprimir o Magistério à frente da Prefeitura. Apenas para reavivar a
sua memória.
A segunda colocação é no que concerne ao assunto suscitado em aparte
por meu prezado amigo Werner Becker sobre a propaganda veiculada, tendo o
Presidente Wilson Vargas como garoto propaganda, ela ficou dois dias veiculada,
apenas, depois foi retirada do ar. E quero dizer que falece ao PDT a autoridade
para falar em situação de ordem financeira, enquanto não revisou até agora o
estado falimentar em que o Dr. Brizola deixou o BANERJ.
O SR. ISAAC AINHORN: Eu acho que V.Exa. está
completamente equivocado. E me surpreende V.Exa. fazer coro com os homens da
ditadura, com os homens que V.Exa. combatia. Me surpreende, sinceramente, este
tipo de posição, porque V.Exa. sabe que os relatórios sobre o inquérito do
BANERJ e do BB Rio foram encontrar em figuras exponenciais da Velha República
como os responsáveis pela situação caótica do BANERJ e V.Exa. deveria ter
conhecimento disto. Figuras conhecidíssimas desta República, da Velha, da Nova,
de todos os segmentos.
O Sr. Eroni Carus: Ver. Isaac Ainhorn, Chagas
Freitas é do PMDB. Não tinha nada que ver com isto.
O Sr. Nilton Comin: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Veja como é a vida, no passado os trabalhistas batiam
palmas ao Dr. Wilson Vargas. Era líder do seu compadre, Leonel Brizola, na
Assembléia Legislativa e na Câmara Federal e quando foi eleito Deputado Federal
ele, que era portador das credenciais gaúchas, representava o trabalhismo da
melhor maneira, e no momento em que ele divergiu de seu compadre, que é uma
coisa democrática, assim como Saturnino, Prefeito do Rio de Janeiro, divergiu de
seu líder, agora o Dr. Wilson é um homem mau, não é um homem bom. Mas, e aquele
líder que tanto serviu ao trabalhismo?
O SR. ISAAC AINHORN: O Dr. Wilson não é mais
aquele, o que se faz como ele eu não sei.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Justiça se faça ao Dr. Wilson, ele já foi audacioso e
valente, mas de uns tempos para cá passou recibo de covarde.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, encerro a minha intervenção aqui, nesta tarde, mais uma vez, com
relação à tarifa, o PMDB para ter legitimidade na causa, tem que entrar contra
o aumento da tarifa na Região Metropolitana, é o primeiro dado, o PSB ser
governo, segundo.
Digo, com relação à Caixa Econômica Estadual, é lamentável a
insensibilidade do Governo Estadual para uma empresa que, certamente, se está
dando lucros, não é pelas suas altas direções. Com certeza, é pelo trabalho
desses funcionários, do corpo de funcionários da Caixa Econômica Estadual, que
não estão conseguindo atingir a sua reivindicação maior, que é simplesmente a
recolocação salarial, aquilo que a gente faz com absoluta tranqüilidade no
Município. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, com a palavra o
Ver. Paulo Satte. Ausente. Ver. Paulo Sant’Ana. Ausente.
Comunicamos ao Plenário que o Ver. Flávio Coulon desistiu da licença,
ontem solicitada, nos termos regimentais.
Nada mais havendo a tratar, estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se à Sessão às 15h14min.)
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